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Um raio X do jornalismo digital

Deborah Bresser
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Um raio X do jornalismo digital

Jornalismo é jornalismo em qualquer plataforma. Os trâmites da pauta, da apuração com fontes confiáveis, o texto fiel à verdade, a edição que define títulos “vendedores” e a publicação não diferem muito entre o impresso e o digital. “O impresso te obriga a pensar mais”, analisa Thiago Calil, editor-chefe do Portal iG, com 11 anos de experiência no ambiente digital, 9 deles em diferentes funções no Portal R7.

Imprimir perpetua o erro, o que leva a uma preocupação de não dar bola fora. É preciso ter matérias boas, capa, fotos, o pensar sobre a notícia é diferente da pressa do digital. “O controle de audiência também muda do impresso para o digital, onde há ferramentas de audiência que muitas vezes definem o que o público quer ver”, explica o jornalista.

Poder consertar o que se publicou dá uma leveza do lado de quem erra, mas Calil pontua que para uma geração que não viveu o impresso essa facilidade na correção gera uma certa displicência. “Quem só aprendeu com essa flexibilidade acaba deixando a checagem pra depois, publica primeiro e depois vai conferir nome de fonte, datas. Isso é muito irritante.” Calil, no impresso, vivia o terror dos relatórios de erros e sabe como a checagem é fundamental. Certos conceitos básicos não mudam.

O digital hoje é respeitado pelas fontes tanto quanto o impresso, mas o online enfrenta uma concorrência de seus próprios personagens. “Com essa modernidade, a vivência do WhatsApp, muitas fontes não querem mais dar entrevistas de fôlego, preferem responder por áudio, por escrito, acreditam que um storie já é informação”, explica.

Isso ocorre sobretudo no chamado jornalismo soft, de entretenimento e celebridades, onde as redes sociais dão um poder de divulgação que tira da jogada os repórteres e editores.

Outra questão que impacta o jornalismo digital é a necessidade de, cada vez mais, oferecer pacotes completos de notícias, com áudio, vídeo, galerias de fotos. “É preciso saber muito bem que história vai contar, de que tamanho, as pessoas hoje leem no celular, temos de falar mais dizendo menos”, ensina o editor.

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